terça-feira, janeiro 19, 2010

Escape da guerra de preços: Mergulhe no negócio do cliente


“Comprar, principalmente com base no preço, é a vingança do cliente contra a conspiração de mediocridade que existe entre fornecedores concorrentes.”

O autor dessa frase instigante é Ricardo Gianinni, nos conhecemos há alguns anos em um curso sobre vendas estratégicas que estruturamos na escola SSJ. Desde então, perdemos o contato. Porém, foi muito marcante essa mensagem apresentada em um de seus slides. Em toda situação que recorro a ela - seja em palestras ou em aulas - a reação da audiência é sempre muito impactante, pois aqui estão sintetizadas duas visões fundamentais para entendermos o contexto comercial nos dias atuais:

- a responsabilidade é do vendedor fazer com que o cliente reconheça o valor presente em uma oferta e
- se o cliente não reconhece esse valor, ele simplesmente o ignora e migra sua orientação exclusivamente ao preço.

Acredito que você também deve estar refletindo e reconhece esse cenário em suas eternas negociações com seus clientes. Quando eles simplesmente ignoram suas tentativas de apresentação dos benefícios de sua oferta e seus argumentos e se concentram basicamente no coeficiente: preço.

Minha tese é: esse movimento explica a supervalorização que a palavra ‘valor’ tem atualmente no mundo corporativo. Tendência essa que não acontece por acaso. Está claro que agregar valor é o nome do jogo, mas se faz necessário procurarmos entender na prática o que isso significa para nossas vendas.

Em primeiro lugar, recorrendo a uma visão presente em meu livro, é importante reconhecer que agregar valor nos negócios é sinônimo de entregar valor percebido ao cliente que, por conseqüência, gerará mais valor a organização. Assim sendo, temos uma visão que para gerar valor aos acionistas de nossa empresa é necessário, primeiramente, gerar valor para nossos clientes.

Logo, a essência de uma companhia é entregar valor a seus clientes. O desafio que surge dessa convicção para nós vendedores é como devemos nos posicionar para sermos reconhecidos como fontes de valor para esses clientes.

O primeiro passo é entendermos o que significa valor para nossos clientes. Devemos nos preparar para sermos o que chamo de ‘diagnosticadores de valor’.

Nesse sentido, o bom vendedor deve agir como o tradicional médico de família. Aquele profissional cuja orientação está centrada em entender tudo o que concerne o universo de seu paciente/cliente: seus hábitos, modo de vida, necessidade clínicas... Enfim, o foco deste médico não está orientado a nenhuma especialização e, sim, em conhecer o universo de seu paciente/cliente melhor que qualquer outro profissional, pois ele lhe acompanhará de seu nascimento até o término do seu ciclo de vida.

Desenhando um perfil do vendedor alinhado com essa visão, refiro-me àquele profissional que conhece muito de sua especialidade, da oferta que comercializa, porém mais importante do que isso, é um especialista no universo de seus clientes.

Ser um especialista nesse nível não é tarefa fácil. Significa migrarmos nossa orientação de nossos produtos para nossos clientes. Durante anos fomos treinados a sermos profundos conhecedores de nosso negócio. Dessa visão, surgiram os tradicionais treinamentos de vendas, cujo foco está muito mais centrado em decorarmos nossa argumentação básica de vendas do que em estudar o universo do nosso cliente.

Como conseqüência, temos profissionais que são excelentes comunicadores de valor e péssimos criadores de valor. Estão mais preocupados em apresentar o discurso de vendas ao qual foram condicionados, a entender as demandas apresentadas por seu cliente.

Também, nesse cenário, surge outra verdade absoluta em vendas: o vendedor só agrega valor quando está na rua, visitando seus clientes. Óbvio, para construir o nível de relacionamento requerido é fundamental proximidade, relação pessoal, olho no olho. Porém, também é necessário estudarmos os nossos clientes antes das visitas e nos prepararmos adequadamente para, quando estivermos defronte a eles, apresentarmos um profundo conhecimento de seu negócio. Com isso, conquistar sua confiança.

Não estou preconizando aqui que as visitas pessoais não são importantes. Pelo contrário, são fundamentais. O que afirmo é: não é apenas por meio dessa estratégia que você será bem sucedido em sua abordagem ao mercado.

No final do dia, você deve adotar uma postura onde o interesse legítimo pelo universo do cliente norteie sua rotina comercial. Por meio desse interesse, você conquistará sua própria confiança e obterá subsídios para a realização de um diagnóstico de valor. Traçando, novamente, um paralelo com o médico de família e seu paciente: a relação de confiança criada nesse relacionamento é o ponto fundamental para a construção de valor ao longo do tempo.

Está claro que essa é uma longa jornada. Mas posso lhe assegurar que os resultados são duradouros e sustentáveis ao longo do tempo.

A discussão sobre valor não para aqui. No próximo artigo me dedicarei a desvendar o significado dessa palavra mágica e como utilizá-la a nosso favor.



Por Sandro Magaldi
(diretor comercial da HSM do Brasil, Professor da ESPM e autor do livro Vendas 3.0 - Uma nova visão para crescer na era das idéias)

sábado, janeiro 16, 2010

Marketing: os clientes antes da marca


*Alfredo Passos
(www.administradores.com.br)

Este 2010 começa com uma edição especial da Harvard Business Review com o tema "Reinvente".

E neste "Reinvente" estão artigos sobre empresas, estratégias, marketing e carreira.

Um destes artigos merece reflexão "Repensando o Marketing," pois diante de tanta incerteza, qual deve ser o papel dos profissionais de marketing, para melhoria dos resultados de suas respectivas empresas.

Para os professores Roland Rust e Christine Moorman com Gaurav Bhalla, presidente da consultoria Knowledge Kinetics, agora que pode interagir diretamente com o cliente, a empresa precisa de uma reforma radical para colocar o cultivo de relações à frente da construção de marcas.

Embora conte com tecnologias poderosas para entender o cliente e interagir com ele, a maioria das empresas ainda aposta no marketing de massa para conduzir transações impessoais.

Para poder competir, a empresa deve deixar de promover produtos isoladamente e tratar de estabelecer relações de longo prazo com o cliente.

Nessa reinvenção, o departamento de marketing vira o “departamento do cliente”. O diretor de marketing é substituído pelo diretor de clientes.

Gerentes de produtos e marcas responderiam a gerente de clientes; ao novo departamento, caberia a supervisão de atividades centradas no cliente, incluindo pesquisa & desenvolvimento, atendimento, pesquisa de mercado e CRM.

Com essa mudança, o foco sai da rentabilidade de produtos e passa a ser a rentabilidade do cliente – segundo critérios como valor vitalício do cliente e customer equity. Por mexer com interesses estabelecidos, essa transformação organizacional deve ser conduzida pela cúpula.

Essa é a síntese das idéias de Rust, Moorman e Bhalla, desenvolvida no artigo “Repensando o Marketing”, publicado na Harvard Business Review.

Um novo departamento de marketing

Para isso, é preciso reinventar o marketing. Em especial o departamento de marketing tradicional que deve ser reconfigurado e virar o departamento do cliente.

A prioridade é estabelecer relações com o cliente, e não promover um outro produto.

Para isso, gerentes de produtos e departamentos focados no cliente, são subordinados a um diretor de clientes – e não de marketing – e apóiam estratégias de gerentes de clientes ou de segmentos.

Gerente de produtos x Gerente de clientes

Muitas empresas ainda dependem de gerentes de produtos e do marketing de massa unidirecional para levar o produto a muitos clientes.

Em vez disso, é preciso contar com gerentes de clientes que envolvam cada cliente ou segmentos reduzidos numa comunicação bidirecional, forjando relações de longo prazo ao promover o produto da empresa que mais teria valor para o cliente em determinado momento.

O que faz um gerente de clientes?

De certa forma, o papel do gerente de clientes é a expressão máxima do marketing (descobrir o que o cliente quer e satisfazer a necessidade), enquanto o gerente de produtos é mais alinhado com a mentalidade de venda tradicional (achar comprador para produtos que já existem).

Neste artigo, os autores exemplificam como Jim Spohrer, diretor de parcerias da IBM com universidades, contrata o que Morten Hansen (Professor da University of California em Berkeley) chama de gente “em forma de T”: indivíduos com experiência ampla e especialização em certas áreas.

O gerente de clientes mais eficaz tem esse perfil: combina profundo conhecimento de determinados clientes ou segmentos com um amplo conhecimento da empresa e seus produtos.

Esse executivo também deve ser um intérprete sofisticado de dados, capaz de extrair insights do crescente volume de informações sobre atitudes e atividades do cliente – informações que obtém vasculhando blogs e outros fóruns de clientes, monitorando o comportamento de consumo online e vendas no varejo e usando outras ferramentas analíticas.

Enquanto um gerente de marcas pode se satisfazer com dados de uso de mídias associadas a seus produtos, padrões de uso da marca e a menção da marca em comunidades, o gerente de clientes vai buscar uma visão mais ampla e integrada do cliente.

Fonte: Roland T. Rust (Distinguished University Professor e titular da cátedra David Bruce Smith Chair in Marketing na Robert H. Smith School of Business (University of Maryland) nos EUA. Christine Moorman, titular da cátedra T.Austin Finch Sr., Professor of Business Administration na Fuqua School of Business (Duke University), nos EUA. Gaurav Bhalla, president da consultoria Americana Knowledge Kinetics. Escreveram “Repensando o Marketing”, Harvard Business Review Brasil, Janeiro 2010.

segunda-feira, janeiro 11, 2010

O DNA do Inovador


por Jorge Carvalho em 08 de Janeiro de 2010 às 5:18 pm no http://hsm.updateordie.com/



Um artigo na HBR de Dezembro joga um pouco de luz no assunto Inovação. O artigo, escrito por Clayton Christensen, professor de Harvard, fala sobre a análise de um estudo de 6 anos que ele realizou. A ideia era tentar descobrir o que diferencia os líderes/empreendedores inovadores dos demais. Foram descobertas cinco habilidades que todos os inovadores possuem. Abaixo uma breve descrição de cada uma.

Habilidade 1 - Associação: Como o Steve Jobs costuma falar “Criatividade é conectar as coisas”. O estudo mostrou que a inovação muitas vezes acontece através da conexão de experiências ou conhecimento. Quanto mais diverso nosso conhecimento e experiências, mais conexões poderão ser feitas. O estudo mostrou que umas das experiências mais transformadoras na vida de pessoas inovadoras é passar por experiências internacionais e experimentar novas culturas. Nos “9 princípios de inovação do Google”, o princípio nº2 é “Ideias podem vir de qualquer lugar”

Habilidade 2 - Questionamento: O grande Peter Drucker já dizia que o importante não são as respostas certas mas saber fazer as perguntas corretas. Uma característica importante dos inovadores é questionar o statu quo. Não existe inovação sem as perguntas: Por que? Por que não? E se?

Habilidade 3 - Observação: Uma das filosofias da Toyota é “vá até o local e observe você mesmo”. Observar o usuário interagindo com o produto/serviço no dia a dia ajuda a descobrir insights que nunca teríamos fazendo pesquisas de mercado. O princípio de inovação nº6 do Google já diz tudo: Usuários, Usuários, Usuários.

Habilidade 4 - Experimentação: Thomas Edison costumava falar “Eu não fracassei. Apenas encontrei 10.000 maneiras que não funcionou”. O mundo é um laboratório. Empresas como o Google e Amazon conduzem centenas de pequenos experimentos todos os dias.

Habilidade 5 - Networking: Estamos falando de um tipo diferente de networking que costumamos ouvir por ai. O networking dos inovadores não é focado em se relacionar com o mercado ou cultivar o marketing pessoas. Eles buscam conhecer pessoas interessantes de diversas áreas e perspectivas. Um dos pontos importantes levantados pelo estudo é a participação em conferências como TED, Davos que sempre trazem insights valiosos. A inspiração de Michael Lazaridis, fundador da Research in Motion, para o aparelho de celular Blackberry aconteceu durante uma palestra da Coca Cola.

Imaginem dois profissionais de capacidade parecida. Damos a eles uma semana para criar uma nova ideia de negócio. O primeiro fica trancado no quarto pensando sozinho. O segundo, 1- fala com 10 pessoas (músicos, engenheiros, designers, economistas, etc) 2- visita 3 start-ups para observar como eles trabalham, 3- compra novos e inovadores produtos para experimentar, 4- mostra suas ideias e protótipos para várias pessoas e 5- Se pergunta “E se eu fizesse isso? Por que não tentar esse novo material? durante as quarto etapas anteriores.

Quem você acha que traria a ideia mais inovadora e viável?

Alguns dos empreendedores estudados: Steve Jobs (Apple), Jeff Bezos (Amazon), Marc Benioff (Salesforce.com), Herb Kelleher (Southwest Airlines), Peter Thiel (PayPal), Pierre Omidyar (eBay), Niklas Zennstrom (Skype), Michael Dell (Dell), Scott Cook (Intuit), entre outros